COMUNICAÇÕES







LEITURAS E FORMAÇÃO DE LEITORES

Sonia Inez Goncalves Fernandez | A importância da ficcionalidade prática na mediação de leitura de textos literários

Resumo: Os documentos sobre a formação do leitor no Brasil estão repletos de referências à formação de um leitor crítico, mas, ainda que cantada e decantada por todas as instituições voltadas para a leitura, a qualidade – crítico aposta à palavra/conceito – leitor – é problemática. O problema está em separar, no tempo e no espaço das ações pedagógicas, a formação do leitor e as medidas para torná-lo crítico. Neste sentido, a ficcionalidade é a forma mais apropriada para lidar com esta questão, uma vez que ela implica tanto a gênese como a recepção do texto. Ambas subjazem ao processo de atribuição de sentido ao texto, no qual o leitor crítico se constitui, ao mesmo tempo que se constitui como leitor, porque tanto a escrita quanto a leitura são construções humanas que expressam concomitantemente: subjetividade e generalidade, fantasia e realidade. 

Lilian Cardoso de Mendonça | As histórias infantis em sala de aula como um lugar para ser

O presente trabalho consiste numa reflexão acerca do lugar ocupado pela literatura infantil em sala de aula. Propõe não somente o uso da literatura como aporte na alfabetização dos alunos e alunas, mas também como impulsionador de seu desenvolvimento emocional, a fim de que possam lidar com aflições internas. Nesse sentido, serão apresentados exemplos de livros e histórias infantis durante a execução de um subprojeto PIBID, da Faculdade de Educação da Unicamp, corrente entre 2011 e 2017, sob coordenação da Profa. Dra. Ana Archangelo, em salas de aula do Ensino Fundamental I numa escola municipal de Campinas. 

Thaís Helena Gonçalves Babicsak | Biblioteca do saber (comunitária)

Resumo: As bibliotecas comunitárias atualmente operam como mecanismo de elaboração da autonomia, a partir da ocupação de espaços em que o acesso a equipamentos culturais é inexistente por parte do poder público. Concebida a partir da comunidade a fim de criar espaços de elevação do cotidiano através da arte, política e ciência, a fim de construir a universalidade do coletivo. O desenvolvimento da criticidade a partir do incentivo e fomento à literatura viabiliza a essa comunidade utilizar sua realidade de maneira que seja traduzida como objeto concreto, possibilitando a esse coletivo a análise de si mesmo, materializando o pertencimento desses atores sociais. 

Thayame Silva Porto | O livro infantil na produção literária marginal

Resumo: Na perspectiva do letramento, podemos considerar os movimentos contemporâneos da produção escrita, no interior das comunidades da cidade de São Paulo, como um fenômeno social de ressignificacão de uma Cultura elitizada. O movimento de sarau, de slam, de rodas de histórias que tem a periferia acontece dentro de bares, quintais de residências e ocupações, quilombos urbanos e espaços considerados por sua população produtora como "espaços de resistência". Esses espaços têm sido lugares para acesso à leitura. A presença das crianças é um marco de atenção aqui. E a partir disso perguntas vem sendo feitas no desejo de acolher este recorte etário e inseri-lo nas ações leitoras.

Mediação: Flavia Cristina | Duração de cada exposição: 15-20 min | Sala 112, Prédio de Letras (USP)


INTERVALO: 20 MIN


BRASIL E OUTRAS PARAGENS

Maria Luisa Rangel De Bonis | Fantasias, opressões: pontos de vista narrativos em “Pai contra mãe”, Reinações de Narizinho e Minha vida de menina

Resumo: Apesar de parecer descabida a comparação entre “Pai contra mãe”, conto de Machado de Assis publicado em 1906; Reinações de Narizinho, livro que inaugura, em 1931, a saga infantojuvenil de Monteiro Lobato; e Minha vida de menina, diário de Alice Dayrell (Helena Morley) produzido na Diamantina do final do século XIX e publicado em 1942, os três textos encontram-se na mesma raiz. As três narrativas têm como âmago a escravidão da população negra no Brasil, sendo escritas no intervalo dos 38 anos imediatamente posteriores à abolição. Evidenciam, assim, a prática e as heranças da escravatura nos recém-fundados mundo do trabalho livre e país das fantasias. Evidenciar a escolha dos pontos de vista narrativos – as estratégicas falas, percepções, invencionices dos personagens – para figurar (ou cruelmente adocicar) a força destruidora e a violência da prática escravagista é o tema desta apresentação.

Elizabete Carolina Tenorio Calderon | South African Folk-Tales 

Resumo: O livro South African Folk-Tales, do autor James A. Honey, foi publicado pela primeira vez em 1910, nos EUA. A obra constitui uma coletânea de narrativas oriundas de publicações holandesas e inglesas dos séculos XVIII e XIX. Os textos trazem características da tradição oral de povos sul-africanos que incluem bosquímanos, zulus e hotentotes. Devido a essa diversidade cultural, a obra é dotada de enorme riqueza no que cerne a presença de elementos da natureza e figuras de linguagem como a personificação e a hipérbole. Apesar de os textos se enquadrarem na classificação "Animal Tale", ou "Conto Animal", devido à predominância de animais mostrando sua sabedoria e humanidade, os contos também trazem algumas características de conto explicativo, que tem como principal objetivo explanar a existência de algum elemento da natureza; e da fábula, pois as narrativas trazem propostas moralizantes. A oralidade aprofunda os aspectos explicativo e instrutivo presentes nas narrativas.

Fabiane Vertemati do Amaral Secches | As histórias infantis de Clarice Lispector e Elena Ferrante

Resumo: Esse trabalho busca oferecer uma leitura comparada entre os contos infantis e os textos destinados a leitores adultos escritos por Clarice Lispector e Elena Ferrante a partir de temas e procedimentos estéticos comuns. Tomaremos como foco as relações entre o livro infantil A mulher que matou os peixes e o conto “O crime do professor de matemática”, de Lispector, e as relações entre o livro infantil Uma noite na praia e o romance A filha perdida, de Ferrante.

Johnny Dotta | Rumos pedagógicos na divulgação científica para crianças no Brasil e no Reino Unido

Resumo: Este trabalho (Processo nº 2018/01912-7, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP) visa a responder à pergunta de pesquisa: Como os públicos infantis são concebidos em enunciados de divulgação científica para crianças em duas línguas/culturas diversas e os influenciam? Para isso, foram analisados enunciados pertencentes a duas revistas de divulgação científica para crianças: a brasileira Ciência Hoje das Crianças e a britânica Aquila. A análise foi realizada com base no quadro teórico-metodológico formado pelas ideias de Bakhtin e seu Círculo, com procedimentos metodológicos emprestados da análise comparativa de discursos. Os resultados revelam diferentes avaliações por parte dos públicos pueris, as quais apontam para aspectos culturais diversos quanto à pedagogia infantil.

Mediação: Giuliana Almeida | Duração de cada exposição: 15-20 min | Sala 112, Prédio de Letras 





RÚSSIA: PROSA, POESIA E ESTÉTICA

Rafael Bonavina | Dois casos da Vida Náutica: Gontcharóv e a literatura infantojuvenil

Resumo: Ao contrário de sua fama, Ivan Aleksаndrovitch Gontcharóv não se restringiu a um único livro e muito menos a um gênero literário só; sua obra apresenta contos, relatos de viagens, romances, poemas, literatura não ficcional, infantil e até ensaios. Dos textos mais obscuros, talvez o menos discutido, mesmo dentre os críticos russos, seja Dois Casos da Vida Náutica (Два случая из Морской Жизни). À primeira leitura, um texto menor, derivado da Fragata Pallas; no entanto, como pretendemos demonstrar, trata-se de um texto único, muito diferente dos demais, embora apresente diversos pontos de contato com a obra gontcharoviana. 

Raquel Siphone | Tolstói e Esopo: um diálogo fabular

Resumo: Baseado no primeiro volume das Cartilhas de Tolstói, nossa comunicação levantará pontos primordiais no processo de adaptação das fábulas esopianas para o idioma russo. Dividida em livro de alfabetização e livro de leitura, a Cartilha propunha um aprendizado brando àqueles que seriam aprendizes na escola do grande escritor russo oitocentista. Na segunda seção, em que o aluno daria seus primeiros passos ao mundo da leitura, o autor preocupou-se em dispor os textos por ordem de dificuldade. Para esta parte, selecionou e adaptou algumas das fábulas populares de Esopo. Leitor do grego, Tolstói foi o responsável pelas adaptações, mas à sua maneira.  

Letícia Mei | "Às crianças do futuro": Maiakóvski para menores

Resumo: Pintor, desenhista, ilustrador, roteirista, ator, publicitário, dramaturgo e, sempre, poeta. Muitas foram as facetas do talento de Maiakóvski, uma delas, a literatura infantil. Com o intuito de difundir os preceitos do novo “homem soviético” e cultivando a irremediável esperança no futuro, o escritor russo passou a se dirigir também às crianças. A partir de 1925, ele participou diretamente da edição de poemas para os pequenos soviéticos, a primeira geração de um ambicioso projeto de revolução total. Além do forte cunho didático em que se nota a moral desejável vigente, as edições eram verdadeiros livros de artista ilustrados por grandes nomes da área nos anos 1920. Em comemoração aos 125 anos do nascimento do poeta, essas obras foram reeditadas em formato fac-símile, na coleção “Às crianças do futuro”, o que nos permite compreender melhor não apenas o “Maiakóvski para crianças”, mas também as ideias que embasavam as novas perspectivas da educação soviética.

Priscila Nascimento Marques | A contribuição de L. S. Vygótski acerca da educação estética infantil

Resumo: A presente comunicação abordará algumas das ideias de L. S. Vygótski (1896-1934) sobre a pedagogia e o ensino das artes, particularmente a partir do capítulo “Educação estética”, publicado em 1926 no livro Psicologia pedagógica, em que o autor discute os temas moral e arte; o valor cognitivo da arte; o caráter passivo e ativo da experiência estética; o sentido biológico da arte; o ensino das artes; o conto de fadas; e a questão do talento. Ressaltam-se a relevância e atualidade do pensamento vygotskiano para se pensar, acima de tudo, uma educação dos sentidos, em detrimento de uma pedagogia que instrumentaliza e subordina os objetos estéticos em função de objetivos que lhes são alheios.

Mediação: Fabiola Notari | Duração de cada exposição: 15-20 min | Sala 112, Prédio de Letras 


INTERVALO: 20MIN





RÚSSIA: MÚSICA, ANIMAÇÃO E DESIGN

Sandra Trabucco Valenzuela | Pedro e o Lobo, de Prokofiev: da música à ilustração e ao texto

Fabiola Bastos Notari | A representação do Futuro e a Corrida Espacial: diálogos entre conceito e imagem nos livros infantojuvenis soviéticos 

Resumo: Na comunicação o conceito de futuro será abordado a partir de leitura visual e análise crítico-reflexiva de algumas ilustrações com temática espacial concebidas por ilustradores russo-soviéticos entre as décadas de 50 e 80. Segundo Lucrécio (98-55 a.C.) na obra De rerum natura (Sobre a natureza das coisas) "(...) o tempo não existe por si: é dos próprios acontecimentos que vem o sentimento do que se deu no passado, depois do que é presente, em seguida do que há de vir; na realidade, ninguém tem idéia do tempo em si próprio, separado do movimento das coisas e do seu plácido repouso." (1980, p.460). Por meio dessa abordagem sobre o tempo, a leitura proposta dessas ilustrações dialogará com o contexto histórico-político do período e também com o imaginário do homem ao se deparar com a possibilidade de viver um futuro próximo em outros planetas, tornando assim real o mundo utópico/distópico já anunciado em literaturas de ficção científica.

Lígia Regina Máximo Cavalari Menna | A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen, e a animação russa Sniéjnaia koroleva (The Snow Queen, O Reino Gelado): releituras contemporâneas

Resumo: O conto A Rainha da Neve (Snedronningen, The Snow Queen, 1844 ), de Hans Christian Andersen, a heroica Gerda, o amaldiçoado Kay e a figura ambígua e misteriosa da bela rainha de cabelos platinados que dá título ao conto permanecem no imaginário de gerações e  têm servido de inspiração para  diversas adaptações e releituras  tanto literárias, quanto cinematográficas e televisivas. Esta comunicação se propõe a apresentar um estudo comparado entre o conto andersiano e a animação russa traduzida aqui como O Reino Gelado (Sniéjnaia koroleva, The Snow Queen, Wizartanimation, Rússia, 2012), dirigida por Maksim Sviéchnikov e Vlad Barbe. Essa adaptação russa, bem mais próxima do conto original, teve produção anterior ao sucesso americano Frozen: uma aventura congelante (Frozen, Disney, EUA, 2013), uma mera menção à rainha congelante, chegando ao público brasileiro posteriormente.

Mediação: Letícia Mei | Duração de cada exposição: 15-20 min | Sala 112, Prédio de Letras 



Participantes

Elizabete Carolina Tenorio Calderon
Colaboradora do Grupo de Estudos e Educação à Distância do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, leciona língua inglesa na Etec de São Paulo e cursa Mestrado em Letras na Universidade Federal de São Paulo.

Fabiane Vertemati do Amaral Secches
Fabiane Secches é psicanalista, mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP e doutoranda nessa mesma área.

Fabiola Bastos Notari
Fabiola Notari é artista visual e pesquisadora. Doutora em Literatura e Cultura Russa (DLO/FFLCH/USP), mestre em Poéticas Visuais pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, onde leciona desde 2012. Desde 2014 coordena o Grupo de Estudos Livros de artista, livros-objetos: entre vestígios e apagamentos.

Flavia Cristina Aparecida Silva
Flavia Cristina é graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, mestre e doutoranda em Literatura e Cultura Russa (FFLCH-USP). Atualmente, pesquisa o diálogo da obra de Lima Barreto com a de Dostoiévski. 

Giuliana Almeida
Giuliana Almeida é graduada em História pela FFLCH-USP, mestra e doutoranda em Literatura e Cultura Russa (USP). Realizou estágios na universidade de Berkeley e na Queen Mary University.  Pequisa o século XIX russo, história intelectual e escritas de si.

Johnny Dotta
Johnny Dotta é graduando em Letras da Universidade de São Paulo. Participa do grupo de pesquisa Diálogo (USP/CNPq) como estudante e realiza iniciação científica na área de análise comparativa de discursos com financiamento da FAPESP.

Letícia Mei
Mestre e doutoranda em Literatura e Cultura Russa, pela Universidade de São Paulo, dedica-se especialmente aos poemas longos e líricos de Maiakóvski. Em 2018, publicou pela Editora 34, a tradução direta e comentada de Sobre Isto (1923), premiada com o APCA – Categoria Tradução.

Lígia Regina Máximo Cavalari Menna
Doutora em Letras na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutorado em andamento, sob supervisão da professora Maria Zilda da Cunha, sob o título "Releituras do maravilhoso: A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen, suas figurações e múltiplos diálogos". É docente e coordenadora auxiliar do Curso de Letras da Universidade Paulista (UNIP).

Lilian Cardoso de Mendonça
Lilian Cardoso de Mendonça, formada em Letras pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.

Maria Luísa Rangel
Maria Luísa Rangel é editora e pesquisadora de livros para crianças e jovens. Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo, coordena a livraria itinerante “feira de livros”, é professora do curso de EJA do colégio Oswald de Andrade e colaboradora nas revistas Doralice e Quatro cinco um, nas quais escreve sobre literatura infantil e juvenil.

Priscila Nascimento Marques
Priscila Nascimento Marques é tradutora, psicóloga, mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura Russa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), onde atualmente realiza estágio de pós-doutoramento (bolsa Fapesp, processo 2015/17830 -1).

Rafael Bonavina 
Rafael Bonavina é um estudante de Letras pela FFLCH, com dupla habilitação em línguas e literaturas portuguesa e russa. Ele se deteve sobre a obra-prima de Ivan Gontcharóv para escrever seu principal trabalho, Lilases Secos: um estudo sobre os idílios em Oblómov.

Raquel Siphone
Raquel Siphone é graduanda na área de Língua e Literatura Russa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).

Sonia Inez Goncalves Fernandez
Prof. Dra. Sonia I G Fernandez – UFSM-RS, professora de Literaturas, coordenou Projetos de Leitura de Texto Literário e Formação de Mediadores de Leitura, publica textos sobre os temas. Realizou pesquisa sobre o leitor-esse fantasma da obra, em nível de pós-doutorado e mantém interesse no tema. 

Thais Helena Gonçalves Babicsak
Thais Helena Gonçalves Babicsak, representante da Biblioteca Comunitária Espaço do Saber, educadora social, formada em serviço social pela PUC-SP.

Thayame Silva Porto
Thayame Silva Porto, conhecida como Thayame Passarinha, é artista da palavra. Lê para outras pessoas, escuta leitura de outras pessoas, conta histórias e ouve um tanto.

FOTOS DAS COMUNICAÇÕES

DIA 11/04


DIA 12/04

Confira também a Programação de Palestras.